um longo percurso

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A adoção atual de temas, áreas e estratégias de estudo e atuação passa tanto por experiências anteriores, que se articulam longamente em um caminhar entre e com outros, que remonta ao início dos anos 1980, quanto por desejos e afinidades de pesquisadores e parceiros com que vamos trabalhando. Um percurso se constrói aberto, com incertezas e indagações, com tentativas e aprendizado a partir dessa intencionalidade sempre incompleta e, o mais importante, em realização de construção do conhecimento fundado em princípios éticos, afetivos, poéticos. Para revelar um pouco a intencionalidade desse processo, relatarei algumas das minhas experiências, a partir das quais se tornou possível a construção do Núcleo de Estudos da Paisagem da FAU USP e mais recentemente do Instituto da Paisagem.

Como se verá, esse longo percurso é tanto um deslocamento radical quanto é um enraizamento profundo.

Desde antes dos anos 1980, meus interesses sempre se distribuíram entre duas ênfases principais, integradas e que cooperam, formando, já na ocasião de minha formatura em 1981, uma diretriz ou orientação para um programa de trabalho a ser longamente desvelado e posto em prática, a partir do que se dão os projetos de conhecimento:

  • a indagação da cultura em sua dimensão histórica como visão de mundo e
  • a indagação da cidade em sua dimensão vivencial e social.

os anos 1980

O primeiro passo, nos primeiros anos, foi um voltar-me da arquitetura para as artes plásticas e cênicas, e daí novamente para a paisagem e a cidade. A indagação histórica da cultura jamais se desvinculou para mim da vivência, da observação e da compreensão crítica e ativa da cidade. Do mesmo modo, a indagação da paisagem e da cidade se insere nessa discussão mais ampla da cultura, dos valores, das visões de mundo. Desde os primeiros anos de formado, isso foi o que formatou boa parte de meu percurso. Quando terminava a faculdade, a necessidade de uma indagação mais vivencial da cidade como processo de aprendizagem e da cultura em que nos inserimos com nossas contradições e esperanças, injustiças e valores, desenhou um projeto que ainda hoje estou realizando e se alonga muito da compreensão inicial, no qual o lugar central foi a opção pelo ensino desde os ṕrimeiros anos, primeiro no ensino supletivo e de segundo grau e a partir de meados da década de 1980 no ensino universitário e do retorno desses saberes para uma perspectiva mais ampla da sociedade e do ensino (em todas as suas fases), tendo a aprendizagem como condição humana.

Por volta de 1985-1986, já retornando à questão da paisagem após os primeiros anos em museus e teatro, teve um impacto imenso em mim o casario da ocupação periférica sobre os morros, a partir de percursos realizados na zona sul, atravessando paisagens desde a área central, passando por Santo Amaro, até locais cheios de energia e com uma beleza própria até então peculiares e inesperados para mim: Cratera, Marsilac, Colônia, Bororé etc., com o casario de autoconstrução pelos morros postos assim em contraste com as áreas verticalizadas e mais estruturadas dos jardins e do centro, travessias de balsa, a floresta tropical e cachoeiras além desse longo espraiamento da cidade, mas ainda em São Paulo. Eram percursos decorrentes de meu voltar-me para o paisagismo e para a paisagem, realizados com a arquiteta Madalena Re para coleta de vegetação no extremo sul do município, sendo depois identificada pelo botânico Luiz Emygdio de Mello Filho (1913-2002). Ao mesmo tempo iniciava o ensino na FAU Santos em História e Teoria da Arquitetura e de Paisagismo na FAU Braz Cubas, e iniciava o mestrado na FAU USP com a profa. Miranda Martinelli Magnoli, o que marcaria todo o meu percurso acadêmico e profissional doravante.

Todas as questões fundamentais, da experiência e da vivência, da forma, da criatividade, do cotidiano, da liberdade de expressão que havia buscado inicialmente nas artes, encontravam ressonância nessa paisagem abandonada pela “cidade oficial”, invisível para a maioria dos paulistanos, recusada, embora tão cheia de energia, criatividade, luta pela vida. As qualidades estéticas e a vitalidade dessas ocupações periféricas, a diversidade de situações do urbano e das áreas ainda preservadas, os contrastes intensos, me sugeriam a possibilidade de um resgate, por meio da paisagem, do sentido que buscava pela arte e que revelava (para mim) um esgotamento em sua captura entediante pelas instituições e seus braços na crítica, catálogos e vernissages.

Os transeptos realizados pela paisagem paulistana possibilitaram uma experiência estética, mas dotada de uma intencionalidade intelectiva na qual a paisagem compareceria então em um novo patamar. Esses transeptos por diversas configurações urbanas, convergindo em paisagens naturais insuspeitadas até então em São Paulo (para mim), proporcionavam a compreensão empírica da estrutura urbana e de seus imensos contrastes sociais e espaciais, e colocavam a paisagem como um campo fascinante de estudos e aplicação.

anos 1990

Foi uma primeira possibilidade de aplicação o trabalho na Prefeitura, desde meados dos anos 1980 até o início da década de 1990, na primeira fase voltada para a cultura e na segunda para políticas referentes à paisagem urbana. Foi uma experiência importantíssima, atravessando algumas gestões, para compreender as injunções do setor público e para atuar em equipes visando construir novas soluções para a melhoria das paisagens. É na década de 1990 que concluo meu mestrado – A Herança da Paisagem – integrando aspectos da história do paisagismo e da cidade com considerações sobre a possibilidade de gestão da paisagem, e o doutorado – As Sombras da Floresta. Vegetação Paisagem e Cultura no Brasil – sobre uma historia cultural do Brasil a partir da natureza tropical, cujos desdobramentos ainda estão em curso.

Nessa nova faze outros percursos que realizei foram igualmente decisivos para consolidar a ideia de um programa de trabalho. Os principais percursos novos foram: São Francisco (1989), cidades turísticas no interior de Goiás (1999), partindo do percurso pelo São Francisco o perímetro da Chapada Diamantina (1999), fui pela primeira vez (de duas que fui) para a Europa (2000), percorrendo por um mês e meio, sem destino e ao acaso dos acontecimentos, Londres, Paris, Veneza, Florença, Siena, Pisa, pequenas cidades, Roma, Belgrado (então sob o embargo das Nações Unidas, que me mostrou uma outra Europa), várias cidades de pouco atrativo turístico no norte do Paraná (2001), vários bairros periféricos em São Paulo, retomando a experiência na zona leste e sul (1986-1987), agora nas bordas da Cantareira tanto pela zona Norte até Mairiporã, Brasilândia e Taipas (1998-2002), umas três idas a Buenos Aires (depois também a Montevideo), e “derivas” por outros Estados, como o litoral do Rio, Espírito Santo e sul da Bahia (2002), seguindo da foz à nascente do Jequitinhonha, com um desvio pelo Araçuaí (2002).

os anos 2000

Foi neste último transepto mencionado acima, que me levou ao Jequitinhonha e ao Araçuaí, conhecendo as pessoas que me apresentaram seus lugares e o sentido de suas paisagens, que concebi a proposta do Núcleo de Estudos da Paisagem em campo, no percurso dessas viagens, a partir das sínteses de intuições e conceitos em que vinha trabalhando. Aliás, para dar continuidade a esse longo processo de aprendizagem e construção de conhecimento é que foi criado o Instituto da Paisagem.

Novamente, as paisagens e as formas de sua apropriação me propunham um vocabulário, uma linguagem mesmo, formas de sociabilidade fascinantes nas quais seus significados se embrenhavam em mim através das pessoas. Partilhei novos modos de vivenciar a paisagem com as pessoas que entrecruzava no percurso, algumas presentes até hoje. Em especial no percurso pelo Jequitinhonha (2002) elas me ensinaram a ver de um outro modo, mais amplo. Não havia uma distância epistemológica a nos definir; eu é que aprendia com elas. Pessoas, umas diante das outras, isso o que nos definia. Não eram, todas essas mencionadas, apenas viagens, eram parte de uma indagação existencial e de significação da produção intelectual, eram pesquisa, precisando encontrar nova vitalidade indagativa e inserção no ambiente acadêmico da universidade pública que começava a conhecer não mais como pesquisador, mas como docente (1986-1987; 2001-2019).

Concebi a paisagem, nesses trajetos e vivências, não apenas como um processo sensível, que é, mas também como uma possibilidade de estudos, que proporciona a aproximação de questões da arte ao urbano como espaço de vida coletivo e, ao mesmo tempo, subjetivo, passível de ser compreendido, estudado. Abri-me a mundos dotados de vida e força próprias, plenos de vitalidade, tratados como invisíveis, apesar da sua potência como fato social, como arquitetura da cidade e paisagem urbana. Essa possibilidade de tornar a paisagem generosa ao nosso aprendizado nos traz a responsabilidade de responder do mesmo modo em nosso desejo de aprender, e só assim a paisagem merece ser estudada pela perspectiva do arquiteto urbanista, do geógrafo, do cientista, do artista, levando-nos a um desafio intelectual novo em que o desejo de ensinar seja, de fato, o de aprender.

A primeira síntese mais forte desse percurso e ponto de inflexão entendo que a foi o meu Doutorado –As Sombras da Floresta. Vegetação, Paisagem e cultura no Brasil (1994-1999) e a formulação em 2002 na Espiral da Sensibilidade e do Conhecimento, este um projeto não-acadêmico que subsidiaria e alimentaria intencionalmente um conjunto de atividades acadêmicas e sociais. Para definir melhor a proposta, retomei uma conceituação de paisagem em que vinha trabalhando desde 1986 ao me aproximar do mestrado (mas, rigorosamente, meu trabalho de conclusão de curso já era um embrião dessas formulações, porém sem ainda a vivência das paisagens periféricas e sem a força que a experiência traz). Esse material havia sido divulgado em uma versão de 1987 apenas a alunos em meus cursos. Retomando esse trabalho e um capítulo do doutorado que o empregou como partida, com o qual não estava plenamente satisfeito, desdobrei um conjunto de quatro textos (o último levei ainda alguns anos para publicar, para encontrar uma forma que me satisfizesse) conceituando a paisagem como experiência partilhada e construção social, reconhecendo suas tensões e contradições, evidenciando o drama humano que abrigam em sua dimensão histórica, ecológica e cultural. Esse o material que fundamentava as pesquisas, experiências didáticas e ações do Núcleo de Estudos da Paisagem.

Foi dada grande atenção à vivência dos pesquisadores e seus interlocutores em sua dimensão existencial e antropológica, aos estudos de história oral e observação participante e à contextualização nos processos de produção social do espaço e nas relações sociais implicadas nesses processos em particular. Com a criação do grupo de pesquisa em 2003 e com o ingresso de pós-graduandos e graduandos no Núcleo a partir de 2004, movidos por um coração inquieto e aberto, isso foi possível. Até 2008, além das pesquisas que dão conta de uma ampla aproximação das questões da paisagem, foi possível iniciar uma série de experimentações colaborativas com parceiros externos à universidade associada muitas vezes a experiências didáticas. Envolveu nessa primeira fase estudos em São Paulo em áreas periféricas, no interior e no litoral do Estado de São Paulo e em áreas rurais ou tradicionais no interior do estado de São Paulo e em outros Estados, em Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina. Foi ainda nessa fase que foi criado em 2005 o grupo de pesquisa CNPQ e o Laboratório, que a partir de 2009 passou a chamar-se LabCidade.

Os trabalhos de história da cultura persistiam, sobretudo a partir de meu doutorado, em disciplinas de graduação e pós-graduação, orientações e atividades de extensão. Nas experiências didáticas nessa linha de trabalho desaparecia a fronteira artificial entre ensino, pesquisa (produção de conhecimento) e extensão, gerando formas inovadoras de trabalho. nas pesquisas o objetivo foi estabelecer uma base conceitual e metodológica para estudos em um enfoque cultural, social e ambiental das paisagens, valorizando a imersão e vivência do pesquisador como imprescindível ao estudo da paisagem, na apreensão crítica das percepções, valorações, modos próprios de construir e significar paisagens (daí uma aproximação com as artes e a antropologia).

Foram realizados também estudos no sentido de análise da gestão, enquanto ação institucional e de política pública e com referenciais de planejamento ambiental. A pesquisa realizou-se pela articulação e total integração entre projetos de ensino, extensão e orientação a projetos de pesquisa e alunos de graduação, pós-graduação, iniciação científica e pré-iniciação científica, tendo gerado vários artigos em revistas acadêmicas e seminários técnicos, além de oficinas e workshops e ações em parceria com agentes públicos e da sociedade civil visando proteção ambiental e qualificação do espaço público urbano, a partir de processos participativos. Processos que se aprofundaram imensamente na década seguinte, com resultados bastante importantes.

anos 2010

A partir de 2007/2009, julguei interessante pensar uma nova estratégia de investigação dessa base empírica, que permitisse estabelecer um vínculo e uma cooperação no entendimento da base territorial, o que foi feito adotando-se a Região Metropolitana de São Paulo como área prioritária de estudos do grupo, sendo que a partir de 2009 as frentes de experimentação colaborativa e didática estabeleceram um diálogo crescente com os pesquisadores em suas áreas de pesquisa.

Por volta de 2011 os avanços nessa segunda etapa (c. 2007-2011) dos trabalhos já mostravam o acerto dessa estratégia tanto na dinâmica interna do grupo quanto na discussão da cidade, possibilitando nuclear as pesquisas por setores e problemáticas urbanas, sugerindo a possibilidade, de fato adotada, de uma maior convergência das pesquisas no grupo, a par de uma maior capacidade de ação do grupo com parceiros externos. Da experiência reunida na década, resultou minha Livre Docência, apresentada em 2011: Paisagens Partilhadas.

Essa estratégia permitiu adotar frentes temáticas de estudo no município. Das experiências acumuladas nas disciplinas e nas ações participativas – em especial Atibaia (que contribuiu na primeira década para a criação do Monumento natural da Pedra Grande), Pirajussara, Heliópolis, Brasilândia – e da integração das pesquisas em grupos de estudo colaborativo sobre os fundamentos e procedimentos de pesquisa, foi possível organizar as pesquisas e grupos de estudo também por regiões em que se localizavam as pesquisas na cidade, com destaque para a região noroeste com a Brasilândia e na região sul na área de mananciais.

O grupo iniciava assim uma terceira fase (c. 2011-2016), marcada essa transição também pela cooperação em grupos de pesquisa envolvendo dezenas de docentes e pesquisadores da Universidade em trono de encaminhamentos para questões e ambientais e naturais na Região Metropolitana. O passo seguinte foi dado na região de Perus com coletivos de cultura e educação em torno de busca de solução para questões ambientais e sociais, permitindo avançar em um projeto antigo do Núcleo, e inclusive ampliá-lo: a Universidade Livre e Colaborativa. Inicialmente a entendíamos como o oferecimento de disciplinas de graduação e pós organizadas conjuntamente com parceiros externos e ministradas nessas localidades, integradas se possível com pesquisas e projetos de formação de professores, lideranças etc. Mas novas condições surgiram com os trabalhos realizados com professores, artistas jovens e lideranças de Perus a partir de 2011.

Com isso, direcionamos as prioridades de investigação para a região noroeste, definida como região Cantareira/Juqueri/Jaraguá, que já estava na origem das intenções do grupo em 2003, cujas pesquisas na Brasilândia haviam prosperado imensamente com o trabalho de Cecilia Angileli. Complementarmente, mantemos um interesse prioritário de pesquisa na região centro-oeste, mas atividades mais pontuais com outras comunidades a leste e a oeste também mostraram-se extremamente ricas para os processos de aprendizagem colaborativa em curso. Os estudos e vivências ao se multiplicarem assim pelo território da cidade, acabaram colocando evidente a necessidade de compreender, ao menos em alguma medida, interações escalares em um âmbito regional, de modo que o vetor noroeste e oeste da Macrometrópole entra em nosso horizonte de entendimento. A descrição dessas fases até 2010 está em minha Livre Docência. Um dos resultados mais expressivos foi a criação, no Plano Diretor de 2014, por nossa ação através da Universidade Livre e Colaborativa e de parceria com movimentos sociais como o Movimento Belas Artes e outros, de um instrumento urbanístico inovador, os Territórios de Interesse da Cultura e da Paisagem, sendo na ocasião criados o Paulista Luz e o Jaraguá Perus.

depois de 2015

O que marca essa fase é uma profunda renovação espiritual, demandando um reencontro crítico comigo mesmo, ao examinar dimensões que havia descuidado: uma reconstrução pessoal ao modo working in progress. A convicção cristã, que inspirava as etapas anteriores, demandava agora uma nova consideração e confronto de minha esfera de vida pessoal, um ato de fé em Deus, em um momento em que o país mergulhava em uma crise política, institucional e de valores sem precedentes, ainda em curso.

Mais do que nunca, a mensagem e o desafio do evangelho – as boas novas da vinda de Cristo – precisa ser recuperada em sua origem e fundamento, distante tantas vezes do que se vê no cenário público brasileiro. Imaginar que possamos conduzir a nossa vida e o nosso trabalho sem reservar o espaço e o tempo contínuos da reflexão, sem momentos de suspensão como se estivéssemos navegando na enxurrada sem alternativas, suspensão do ritmos do mergulho no contemporâneo que gera momentos liminares da consciência a recolocar nossas práticas, pode ser guardar-se em uma visão estreita da vida e de suas possibilidades e desafios. Todo esse percurso aqui descrito é um percurso crítico e daí criativo, e a busca de uma coerência maior entre a fé e a vida em sociedade pode ser uma condição de amadurecimento das mais desafiadoras e confrontantes consigo e com os modos em curso.

Após um interregno para refletir sobre minha produção e inserção, entre 2015 e 2017, no qual concebi uma projeto mais amplo que está na origem do Instituto da Paisagem, o projeto A Natureza e o Tempo (o Mundo), no qual começava a amṕliar os estudos da cultura para a Antiguidade e a Idade Média, o que levou a uma nova compreensão dos programas de ensino meus nessa área. Retomei também em 2018 a proposta do Núcleo de Estudos da Paisagem e da Universidade Livre e Colaborativa, entrando em uma quarta fase dessa linha de Paisagem e Participação Social.

Assumi em 2018 como foco gerador para as ações com parceiros externos as ações educativas, priorizando escolas públicas e formação de professores como ponto de partida de uma nova construção possível desses trabalhos, buscando ainda uma aproximação já de muito tempo desejada com o setor da saúde. Tem-se em mente como potência articuladora desse trabalho a noção de Natureza e suas dinâmicas, de abordagens colaborativas interdisciplinares e intersetoriais, a de Paisagens Partilhadas e Territórios Educativos, com a proposição do novo instrumento Território de Interesse da Cultura e da Paisagem, aprovado no Plano Diretor de 2014.

Os resultados foram expressivos em 2018 e 2019 nos trabalhos com as escolas. A proposição dos Territórios de Interesse da Cultura e da Paisagem ganhou um novo e muito mais amplo interesse, desencadeando-se uma discussão do instrumento, e outras por essas impulsionadas por essas e por sua convergência com outros temas urbanos e comportamentais – em toda a cidade. A aposta não pode ser a do instrumento em si, mas o das práticas em sua construção e discussão para que se gere um novo processo, que será qualificado não por narrativas, mas pela prática e motivações efetivas que gerar e nas quais se engendrar.

Com minha aposentadoria em 2019 desenvolvi o projeto Biosphera21 para dar continuidade, ao lado de A Natureza e o Tempo (o Mundo), aos trabalhos, como se poderá ver em outras páginas deste sítio. Para estabelecer um projeto que pudesse não só arcar com esses custos, mas permitir trazer novos recursos para o desenvolvimento dos trabalhos em história da cultura, estudos da paisagem e ações educativas, foi criado o Instituto da Paisagem, reunindo essas frentes e assentado nessas trẽs frentes que se relacionam.

  • estudos em história da cultura
  • estudos das paisagens em que vivemos
  • ações educativas e socioambientais

A adoção de recortes temáticos e espaciais apoia-se, portanto, em uma estratégia de construção do conhecimento e da ação institucional que é a um tempo pensada e vivida e, portanto, descoberta no caminho, sempre reorganizando-se em tempo real diante dos acontecimentos. É preciso ter claro que não se trata apenas de áreas de aplicação, e não o são. São espaços de vida.

Ao verificar as áreas em que já foram ou estão sendo desenvolvidas pesquisas e atividades didáticas e ações educativas e socioambientais pelo agora Instituto da Paisagem, tenha em mente que um recorte territorial não é apenas uma área de estudo entre outras. É mais do que uma opção metodológica e distanciada. Decorre de opções vitais, de experiências vividas entre e com outros, de desejos e de possibilidades cognitivas muito ricas que se abrem no diálogo, na solidariedade, na contradição, na busca de uma realização ética e nos confrontos inevitáveis para esse fim. Todos os nossos trabalhos e a nossa própria construção de percurso, sejamos quem formos, se realizam no diálogo intenso e não isento de contradições com outros viventes no mundo, em um crescimento que exige tempo e apreço a princípios condutores.

Os espaços da vida são espaços de descoberta e aprendizagem com outros viventes e só nos constituímos como sujeitos entre outros sujeitos. Possamos nos conduzir por valores dignos em nossas ações e em nosso aprendizado existencial.

ESTUDOS DA NATUREZA, DA CULTURA E DO MUNDO COMO PAISAGENS E DE NOSSAS AÇÕES EM SUA SIGNIFICAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO. Um sítio de Euler Sandeville Jr.

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