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Boletim Covid-19: Estado de São Paulo, relatório mensal, fevereiro 2020 a fevereiro 2021

Instituto da Paisagem

230 pessoas esperando por UTI em hospitais públicos na cidade de São Paulo (04/03)
220 pessoas esperando por vaga em hospitais públicos na cidade de São Paulo (04/03)
Média móvel de mortos por dia nessa data aponta para 1.813 mortes em uma semana no Estado

No mês de fevereiro, o número de óbitos por COVID-19 permaneceram elevados no Estado de São Paulo: temos uma média de 1.577,5 óbitos por semana desde o começo desse ano.

O número de casos, por sua vez, já supera o ano passado. Nos meses de pico do ano passado, entre julho e agosto, foram registrados 522.962 casos. Entre janeiro e fevereiro desse ano, já foram notificados 579.331 casos.

O maior número de casos sobrecarrega as UTIs, também com número muito maior de pessoas entre 30 e 50 anos do que antes. O sistema de saúde não consegue absorver a alta demanda por leitos, mantendo o número de óbitos elevado e já apontando em alguns municípios para a situação crítica de outros locais do país.

entenda a razão dessa condição atual no Estado

Há sem dúvida um fator nacional de de incapacidade de gestão federal, veja aqui. Mas há também fatores das opções de gestão no Estado e do comportamento da população.

A gestão da pandemia por parte do governo estadual tem se dado pela avaliação na sobrecarga do sistema de saúde, e não pela quantidade de mortos ou de novos casos. Essa desconsideração básica fez com que o sistema passasse a ficar em alerta somente ao final de fevereiro, quando tanto o número de casos quanto o número de óbitos aumentavam previsivelmente desde dezembro, como pode ser observado nos gráficos.

Somente nas últimas 24h, foi registrado o maior número de mortes por COVID-19 desde o início da pandemia, com 468 mortos em um dia. Com a projeção a partir dessa média móvel, ao final dessa semana teríamos 1.813 mortes, que poderiam ter sido evitadas caso a gestão da pandemia não esperasse o sistema de saúde estar sobrecarregado para acionar medidas de distanciamento social.

veja a evolução de mortos e novos casos por mês desde o início da pandemia

veja a evolução de mortos e novos casos por semana desde o início de novembro

Boletim Covid-19: Brasil, relatório mensal, fevereiro 2020 a fevereiro 2021

Instituto da Paisagem

CORONAVÍRUS NO BRASIL: 1.840 mortos em um dia (03/04)!


No último mês, os óbitos por COVID-19 seguem aumentando em escala nacional, constando esse como o segundo mês com maior número de óbitos desde o início da pandemia, perdendo apenas para julho de 2020, quando foi atingido o primeiro pico.

Esse aumento contínuo e as graves consequências que se verificam por todo o país são consequência e espelham a recusa do governo federal em tratar a pandemia como tal, seja informando a população adequadamente, seja tomando medidas preventivas e de fortalecimento do sistema de saúde.

Nesse momento, passado um ano e 259.271 mortos no país, não há qualquer plano federal de contingenciamento da pandemia em larga escala que considere o distanciamento social, a utilização de EPIs, nem um plano de prevenção a partir da vacina, tornando a doença uma questão política. O pico do ano passado poderá, portanto, ser rapidamente superado por um maior, e muito mais generalizado no país, sendo que as condições do ano passado se deram inicialmente em Estados mais preparados para enfrentar a pandemia à revelia do governo federal.

No momento, a condição é extremamente preocupante e urgente para o país, as curvas indicam um agravamento nas próximas semanas e urge uma mudança de atitude das autoridades federais que se torne condizente com as recomendações médicas e as prolongadas e trágicas evidências da pandemia no pais.

Boletim Covid-19, 16 de janeiro de 2021 (município/região metropolitana/estado de São Paulo)

Instituto de História da Cultura e da Paisagem

Apresentamos abaixo os gráficos de casos notificados e de mortos por Covid-19 na última semana no Estado de São Paulo, Região Metropolitana de São Paulo e Município de São Paulo.

A tendência de alta registrada nas semanas anteriores continua. É URGENTE QUE O GOVERNO ESTADUAL RETOME MEDIDAS PREVENTIVAS, QUE DEVERIAM TER SIDO ADOTADAS DESDE DEZEMBRO.

Para o Município de São Paulo, desde o início da pandemia apenas 4 semanas registraram um número maior de notificações de casos e apenas 12 semanas registraram no município um número maior de óbitos (na semana anterior eram 15) por Covid-19.

Total de casos de CVovid-19 no Estado de São Paulo entre 01.11.20 e 16.01.21: 503.492

Total de mortes por Covid-19 no Estado de São Paulo entre 01.11.20 e 16.01.21: 10.574

Compare os dados desta última semana (10 a 16 de janeiro) com os dados da primeira semana de novembro (1/11 a 07/11) e os gráficos a seguir.

Boletim Covid-19, 09 de janeiro de 2021 (município/região metropolitana/estado de São Paulo)

Instituto de História da Cultura e da Paisagem

Apresentamos abaixo os gráficos de casos notificados e de mortos por Covid-19 na última semana no Estado de São Paulo, Região Metropolitana de São Paulo e Município de São Paulo.

Considerando-se apenas as semanas desde o início de novembro quando se iniciou o atual novo aumento de casos no país e nessas regiões, desde a semana de 15 a 21 de novembro os números mantinham-se elevados mas varando dentro de uma média.

Na última semana essa média foi gravemente ultrapassada, nas três regiões, para mortes e é particularmente preocupante o aumento de notificações. Isso significa que nas próximas semanas o número de mortes pode vir a aumentar significativamente.

Semanas desde o início da com mais casos do que na primeira semana de 2021, na cidade de São Paulo (o gráfico mostra os resultados apenas a partir de maio):

casos notificados: 4 semanas com mais casos, 40 semanas com menos casos do que na primeira semana de 2021

mortos: 15 semanas com mais casos, 29 semanas com menos casos do que na primeira semana de 2021

Na capital, apenas 4 semanas desde o início da pandemia em 2020 tiveram mais casos notificados do que esta primeira semana de 2021. Apenas 34% das semanas desde o início da pandemia registram mais mortes do que na última semana, indicando a gravidade do momento.

Covid-19 no Estado de São Paulo: evolução e tendência no ano de 2020 até dia 31 de dezembro

cuidem-se (=máscara, distanciamento social, higienização pessoal, de objetos e lugares)

Euler Sandeville e Bruna Palma
Instituto da Paisagem
04 de janeiro de 2021

Antes de mais nada, os números de dezembro permanecem elevados e preocupantes, cujo resultado poderá se mostrar muito negativo nos próximos quinze dias. O risco alto atual e de piora que pode acarretar não permite justificar o laceamento da orientação do Estado e do comportamento da população neste momento. Esses são números muito altos, muita tristeza que poderia ter sido evitada em grande parte, talvez, quase pela metade.

Devemos ainda observar que esses dados são apenas parciais, mostrando os casos confirmados e as mortes confirmadas. Quanto a estas, há um número significativo de mortes não confirmadas, na categoria de prováveis decorrências do Covid-19, mas sem a confirmação, seja por conta das formas de registro, seja por conta da precariedade de muitas unidades de saúde para realizar testes e exames adequados. Reportagem da BBC, por André Biernath com Isaac Schrarstzhaupt, coordenador da Rede Análise Covid-19 e Miguel Buelta (Poli USP), reforça esta observação que fazemos1 (o estudo está disponível em Rede Análise COVID-19 2):

Em 2019, o Brasil contabilizou 4.852 mortes por SRAG. Já no ano de 2020, o número de óbitos por essa mesma condição estava em 229,1 mil até o dia 1º de novembro. Desse total registrado, 151,5 mil tiveram a covid-19 confirmada. Numa conta simples de subtração, dá pra concluir que cerca de 75 mil mortes por SRAG ocorridas ao longo dos últimos meses não tiveram sua origem esclarecida. Porém, em um ano de pandemia, com alta circulação de um novo tipo de coronavírus, especialistas dizem ser possível afirmar que a maioria dessas pessoas deve ter tido Covid-19.

O estudo a que se refere acima está em Cria-se assim uma falsa impressão, reforçada também por mais um aspecto. Os mortos são uma porcentagem dos casos confirmados, dando a impressão de dois extremos cristalinos, contágio (sub notificado) e os casos extremos que terminam em morte. No entanto, não é apenas isso o que está ocorrendo e não se trata apenas da distância entre a vida e a morte, entre casos assintomáticos e extremos.

Muitos casos extremos, sem morte, implicam em longas internações nas UTIs, com forte desgaste emocional e sequelas subsequentes, demandando longo acompanhamento e por vezes limitações severas decorrentes, com implicações pulmonares duradouras, por vezes com comprometimento relevante da capacidade, sequelas neurológicas e de outras naturezas.

Essas informações não são divulgadas amplamente – não é que os dados não existam, mas que não são amplamente divulgados e informados preventivamente à população -, impedindo uma compreensão pública da extensão do dano e dos riscos implicados, fazendo parecer que o risco extremo se resume à morte, o que não é verdade, e que a gestão dos leitos e recursos a ele ligados e a triagem por sintomas define o limite da responsabilidade sanitária do Estado e os padrões de risco, o que também não é exato.

Não é exato porque, embora necessária essa gestão, não há uma gestão do risco, que se traduz não em números, mas em vidas afetadas em que, a recuperação, quando ocorre, é longa e com prejuízos permanentes ou exigindo cuidados prolongados. Isso coloca um universo ainda pouco percebido e grave entre o número de casos e de mortos.

Em dezembro, considerando só casos confirmados, pois casos suspeitos não estão contabilizados aí, tivemos o total de

4.622 mortos no Estado,

2.429 na Região metropolitana

1.278 na capital (confirmando as projeções de que ultrapassaria na cidade os 1.000 mortos).

Portanto, um número bem mais elevado do que nos últimos dois meses (Figuras 1 a 3), indicando que ainda estamos em uma curva que tende a ser ascendente apesar das variações diárias e semanais das notificações.

Figura 1
Figura 2
Figura 3

Como se poderá ver nos Figuras 1 a 4, o número de casos em dezembro de 2020 é elevado e, embora o número de mortos nesse mês permaneça bastante elevado, a porcentagem entre casos notificados e mortos confirmados por Covid-19 diminuiu no decorrer do ano, como fica claro na Figura 4. Pode-se observar que os resultados foram bem piores na fase inicial até abril, melhorando progressivamente depois de julho. Por exemplo, o total de mortos em dezembro é inferior a maio, embora o total de casos seja bem superior.

Figura 4

Muitos fatores podem ser indicados relativizando um pouco esse resultado, mas pensamos que expressa também um melhor entendimento das dinâmicas médicas e hospitalares no enfrentamento da pandemia nos casos mais graves pelos médicos e demais profissionais da saúde, aos quais cabe sempre uma nota de respeito público pelo papel corajoso e dedicado, muitas vezes sem os recursos adequandos, desempenhado nessa crise.

Se em dezembro o número de mortos em relação a casos notificados seguisse a porcentagem de maio, por exemplo, com o total de casos notificados no município em dezembro a partir do relaxamento dos cuidados preventivos pela sociedade, poderíamos ter chegado a algo em torno de 3.500 mortos na capital ao invés de 1.278 mortos. Este, ainda um número bastante elevado e que poderia ser substancialmente menor se apenas tivesse havido um maior cuidado do governo e da população.

Isso indica, a nosso ver, que está sendo feito um cálculo de risco muito perigoso e preocupante neste momento, para o qual haveria alternativas consensualizadas possíveis, que fariam sem dúvida com que o número de mortos seria desde outubro substancialmente mais baixo.

Ao observarmos a variação a cada 14 dias e a cada semana, os números de dezembro são bastante altos (Figuras 5 e 6). A variação semanal indica novo aumento na última semana ( Figuras 7 e 8). Certa variação é esperada na dinâmica de notificação e não pode ser conclusiva senão no tempo. A linha em novembro e dezembro, após uma alta abrupta e muito significativa, permanece em um patamar, cujo comportamento será decidido com a chegada dos dados de janeiro.

Figura 5
Figura 6
Figura 7
Figura 8

Outra coisa que se pode ver pela Figura 1 é que a partir de junho a porcentagem de casos no Estado fora da Região Metropolitana de São Paulo aumentou bastante e é particularmente alta em dezembro.

Para se ter uma ideia na mudança que houve nessa configuração, se tomássemos apenas os casos notificados em maio, apenas o município de São Paulo registrava 52% dos casos do Estado e o conjunto da RMSP mais de 74% dos casos. A concentração de mortos na RMSP como um todo era ainda mais elevada, chegando a 82% dos mortos no Estado e se considerarmos apenas o município de São Paulo tínhamos 52,6% dos mortos no Estado ( Figuras 9 e 10).

Ao se encerrar o ano, porcentagem de casos notificados no decorrer de 2020, considerando-se o município de São Paulo e os demais da RMSP, ultrapassa os 45% dos casos notificados no Estado e no caso de mortos confirmados por Covid-19 se aproxima dos 60% na RMSP. Infelizmente (veja novamente as Figuras 1 e 2), isso indica uma dispersão do contágio mais ampla pelo Estado.

Para o entendimento melhor dessa dinâmica de dispersão espacial do Covid-19 no Estado, indicamos

A matéria da BBC 2, tratando também do descompasso entre a observação e os dados que muitos que acompanham a evolução da pandemia estão sentindo, observa ainda que 3:

É preciso considerar aqui questões burocráticas. Há relatos de que os sistemas de informática utilizados para computar as mortes não são nada fáceis de operar e consomem muito tempo de trabalho.

Vivemos também o final do mandato de muitos prefeitos. Os novos responsáveis pela administração das cidades assumem a partir de janeiro e a troca dos secretários e das equipes na área de saúde pode atravancar ainda mais esse processo.

Para completar, com o fim de ano, muitos funcionários do setor público e privado tiram férias ou entram em recesso, restringindo ainda mais a mão de obra necessária para manter tudo atualizado.

Com isso, eventuais quedas repentinas nos números de casos e mortes por covid-19 observados nos últimos dias ou em fins de semana (e que podem se repetir daqui para a frente) podem ser artificiais e não representar a realidade.

“É provável que a partir da segunda quinzena de janeiro todos esses dados que estão represados apareçam de uma só vez”, antevê Schrarstzhaupt. “No atual estágio da pandemia, tudo indica que vemos apenas a ponta do iceberg e há muita coisa escondida por baixo desse mar de dados”, completa o cientista.


como citar

SANDEVILLE JR., Euler, PALMA, Bruna Feliciano. Covid-19 no Estado de São Paulo: evolução e tendência no ano de 2020. São Paulo: Instituto da Paisagem Projeto Biosphera21, Ensino e Pesquisa (https://ensinoepesquisa.net.br/), on line, 2020 [dez].


notas

1. Reportagem de André Biernath. BBC News Brasil em São Paulo, de 30 de dezembro de 2020. Mortes por covid-19 no Brasil estão 50% acima do que apontam dados oficiais, calculam especialistas. Disponível em https://www.bbc.com/portuguese/brasil-55481551

2. Estudo disponível em https://redeaanalisecovid.wordpress.com/2020/11/21/uma-analise-conservadora-quantos-obitos-por-covid%e2%80%9019-podem-ter-ocorrido-no-brasil-e-seus-estados/

3. Reportagem de André Biernath. BBC News Brasil em São Paulo, de 30 de dezembro de 2020. Mortes por covid-19 no Brasil estão 50% acima do que apontam dados oficiais, calculam especialistas. Disponível em https://www.bbc.com/portuguese/brasil-55481551

Covid-19 no Estado de São Paulo: Parte 2: óbitos (distribuição espacial e por faixa etária)

Euler Sandeville e Bruna Palma
Instituto da Paisagem
12 de dezembro de 2020

Este artigo observa comparativamente a variação de mortos por Covid-19 até 12 de dezembro na cidade de São Paulo e na Região Metropolitana no Estado de São Paulo, segundo dados da Fundação Seade do Governo do Estado de São Paulo. Este artigo complementa o anterior, sobre os casos notificados no Estado.

A conclusão a que chegamos naquele artigo a partir da análise das notificações é que se não houver uma retomada nas políticas públicas e no comportamento interpessoal dos cuidados sociais para controle da dispersão da pandemia, manteremos elevado o número de mortes e aflições, que seriam evitadas, pois até esta data a vacinação é uma esperança, mas ainda não é um fato.

Fato em curso, que aumenta, portanto, o risco. A análise dos óbitos também demonstra que, após três meses de queda no número de mortes entre agosto e outubro, ao final de novembro estes números voltam novamente a aumentar excessivamente.

É importante ressaltar que os óbitos se comportam de maneira diferente do que os casos – primeiramente, porque há um período entre o momento de infecção pelo vírus e a evolução da doença de cerca de um mês; em segundo, pelo atraso das notificações e pela subnotificação, que afeta não só os óbitos mas também a notificação de casos quando se iniciam os sintomas.

Entre o início dos sintomas (momento de infecção), a realização de teste (quando é realizado), e a notificação do caso no sistema de saúde decorre um grande período, com a atualização de casos que aconteceram em outubro sendo notificadas apenas agora pela Secretaria Municipal da Saúde, por exemplo.

No meio de outubro, antes de ser notificado o aumento de casos, já havia sido apontado que poderíamos estar em uma bolha de subnotificação que nos impedia de saber quantos casos novos estavam acontecendo em tempo real 1.

Outro fator a ser considerado é que a circulação do vírus é, primordialmente, feita por quem está em situações de aglomeração seja por conta do trabalho, seja por conta do lazer, o que outras análises indicam é principalmente feita pelos mais jovens 2.

No entanto, a maior mortalidade não acontece nessa faixa etária, e sim entre os mais idosos, em que pese outros fatores sociais sobre incidência de óbitos em faixas etárias mais jovens (artigo das regiões). O resultado é que um aumento maior do óbitos acontece somente quando a infecção atinge essa faixa etária, mais um motivo que faz com o aumento no número de óbitos pareça mais baixo no início.

Esse movimento pode ser observado nos gráficos a seguir, em que o número de infectados por COVID-19 com síndrome gripal (fase mais leve da doença) entre outubro e novembro na cidade de São Paulo diminui entre as faixas etárias abaixo de 19 anos e aumenta nas faixas etárias entre 20 a 49 anos. Análises futuras devem atentar para essa movimentação em dezembro, quando o contato com a família pode aumentar a infecção entre os mais velhos.

Apesar de os casos mais leves ainda se concentrarem entre essa faixa etária, é possível observar que entre outubro e novembro, é nas faixas etárias acima de 40 anos em que se concentram os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), fase mais grave da doença; na faixa acima de 70 anos, entre outubro e novembro que a doença apresenta evolução.

Considerando essas informações, seguimos para a análise da situação dos óbitos no estado de São Paulo.

OS ÓBITOS NO ESTADO DE SÃO PAULO

O total de óbitos na cidade de São Paulo até 12 de dezembro foi de 14.968, na Região Metropolitana de São Paulo de 25.270, no Estado de 44.018; no Brasil de 181.123 óbitos notificados. Nas demais Regiões Metropolitanas, abrangidas nas seguintes Regionais de Saúde do Estado, que são um pouco mais amplas, temos: Campinas, 3.973; Baixada Santista, 2.536; Sorocaba, 1.459; Taubaté, 1.490. O total dessas Regionais concentrou 9.458 mortes e com a Grande São Paulo 34.728, ou seja 9.290 mortes distribuem-se pelo restante do Estado.

Se considerarmos apenas a porcentagem de mortos temos para a Capital 34,0%, demais municípios da região Metropolitana 23,4% e interior/litoral 42,6% dos casos notificados, mas se considerarmos as Regionais da Grande São Paulo, Baixada Santista, Campinas, Sorocaba e Taubaté, essa macro região concentra cerca de 79% dos mortos do Estado, sendo que apenas a Região metropolitana de São Paulo abriga 47,4% da população do Estado.

No artigo sobre a ocorrência de casos notificados indicamos sobre os mapas de notificações no Estado da Fundação Seade, verificando que a concentração de casos se dá em torno aos principais centros regionais do Estado e de seus eixos rodoviários. Vimos também que as Regionais de Saúde em que se inserem as regiões metropolitanas que formam a Macrometrópole de São Paulo concentram 70,84% dos casos notificados no Estado.

Acrescentando a esse quadro o total de casos da Regional de Piracicaba, encontramos 75% dos casos registrados no Estado (1.000.878 de 1.334.703) concentrados nessa ampla região.

Resta verificar se os óbitos seguem o mesmo padrão.

No caso de óbitos, o total dessas Regionais concentrou 9.458 mortos e com a Grande São Paulo, 34.728, ou seja 9.290 mortos distribuem-se pelo restante do Estado. Se acrescentarmos a esse quadro o total de casos da Regional de Piracicaba (1.278), teremos 81,7% dos mortos de Covid-19 no Estado concentrados nessa ampla região. Os óbitos se encontram, portanto, mais concentrados nessa região do que os casos.

Ao analisar a variação no número de óbitos por mês, observa-se que o pico de óbitos ocorreu entre julho e agosto, com 53,7% dos óbitos totais no estado concentrados entre os meses de junho a setembro. Assim como os casos, os óbitos aumentaram principalmente a partir do segundo semestre: considerando os óbitos totais, o segundo semestre de 2020 concentra 81,8% dos óbitos que ocorreram. Coincidentemente, é a partir do segundo semestre que as medidas de isolamento passam a ser flexibilizadas de maneira geral, com maior liberdade para o funcionamento do comércio e de restaurantes e bares.

Ao observar a variação no número de novos óbitos a cada 14 dias nas regionais de saúde identificadas como o foco central de dispersão do vírus, é possível observar, primeiramente, a discrepância entre os número da Grande São Paulo e as outras Regionais, sendo este o local onde se concentram o maior número de mortes. Além disso, se o pico de óbitos acontece no início de junho na Grande São Paulo, o pico de óbitos nas outras regiões acontece entre agosto e setembro. A partir de novembro, além da Grande São Paulo, o aumento é proporcionalmente mais expressivo na regional de Sorocaba e da Baixada Santista.

Se para os moradores da Grande São Paulo esses meses foram de queda de óbitos, em que havia um “risco menor”, isso não se refletiu nas outras regiões, que estariam passando por um momento de alta de casos. A menor preocupação com o distanciamento social no período de queda, que acentua os fluxos entre essas regiões, em especial entre a Grande São Paulo e a Baixada Santista para fins de lazer, não era apropriada considerando que nestes locais os óbitos ainda não estavam em queda. O resultado é, após o aumento desses fluxos, um aumento também nos óbitos na Grande São Paulo.

Para obter uma visão mais detalhada, seguem os gráficos da variação a cada 14 dias no número de óbitos em São Paulo e na Baixada Santista:

Como pode ser observado, a queda de casos na Baixada Santista é menos estável do que na Grande São Paulo, apresentando aumentos já ao final de setembro, seguida por um momento de queda, e depois seguida por aumento, e assim segue. Essa variação poderia ser explicada por dois fatos: momentos em que há maior e menor fluxo em direção à Baixada Santista se refletem no aumento no número de óbitos, considerando que há na região uma menor infraestrutura para lidar com o aumento de casos, de modo que resultam em mortes pela sobrecarga do sistema.

Considerando como a pandemia afeta diferentemente faixas etárias mais jovens e mais velhas e diferentes regiões, com o cenário de aumento de óbitos, medidas voltadas estrategicamente para os grupos mais afetados deveriam ser tomadas, como medidas que visem a diminuição do fluxo de viagens em direção às regiões que sejam mais afetadas, como é o caso da Baixada Santista, e conscientização da população mais jovem quanto à responsabilidade sobre a dispersão do vírus, tomando medidas que reforcem o distanciamento social.

como citar

SANDEVILLE JR., Euler, PALMA, Bruna Feliciano. Covid-19 no Estado de São Paulo: Parte 2: óbitos (distribuição espacial e por faixa etária). São Paulo: Instituto da Paisagem Projeto Biosphera21, Ensino e Pesquisa (https://ensinoepesquisa.net.br/), on line, 2020 [dez].

notas (abrindo em nova janela)

1. https://redeaanalisecovid.wordpress.com/2020/10/16/segunda-onda-podemos-estar-em-uma-bolha-de-subnotificacoes-a-importancia-da-politica-de-testagem-no-controle-da-epidemia-de-covid-19/

2. https://oglobo.globo.com/sociedade/coronavirus/avanco-de-covid-entre-jovens-coincide-com-retomada-de-atividades-no-pais-24589696

Covid-19 no Estado de São Paulo: Parte 1: casos notificados (distribuição espacial)

Euler Sandeville e Bruna Palma
Instituto da Paisagem
12 de dezembro de 2020

Este artigo observa comparativamente a variação e comportamento de casos notificados até 12 de dezembro Na cidade de São Paulo e Na Região Metropolitana no Estado de São Paulo, segundo dados da Fundação Seade do Governo do Estado de São Paulo. Em um outro artigo analisaremos os óbitos no Estado. A importância de fazer isto neste momento é informar e prevenir, ante o recrudescimento de casos e mortes que se reinicia, em meio a um desgaste emocional, produtivo e político das festas de fim de ano e férias de início do ano.

A conclusão a que chegamos da análise dos dados é que se não houver uma retomada nas políticas públicas e no comportamento interpessoal dos cuidados sociais para controle da dispersão da pandemia, corremos o risco de mortes e aflições que seriam evitadas, pois até esta data a vacinação é uma esperança, mas ainda não é um fato.

Na verdade, isso já está acontecendo. O total de casos na cidade de São Paulo até 12 de dezembro (14:25 horas) foi de 371.669, na Região Metropolitana de 612.472 e no Estado de 1.334.703; no Brasil, foram 6.880.127 casos notificados.

Nas demais Regiões Metropolitanas, abrangidas nas seguintes Regionais de Saúde do Estado, temos: Campinas, 139.924 casos; Baixada Santista, 72.172 casos; Sorocaba, 60.322 casos; Taubaté, 60.638 casos. As Regionais de Saúde são mais amplas do que as referidas Regiões Metropolitanas, refletindo ainda a desarticulação dos sistemas estaduais de gestão e planejamento (Figura 1).

Figura 1. Observe o aumento expressivo do número de casos nas 6 Regionais de Saúde indicada no gráfico a partir da quinzena de 27/10 a 07/11.

O total de casos nessas Regionais equivale a 333.056 notificações; com a Grande São Paulo, somam 945.528 casos. As remanescentes 389.175 notificações distribuem-se pelo restante do Estado. Os dados aqui coletados são de 12 de dezembro.

  • o Estado de São paulo concentra 19,4% dos casos registrados no país;
  • o município de São Paulo concentra 5,4% dos casos notificados no país, 27,8% dos casos do Estado, 60,7% dos casos da Grande São Paulo e 39,3% dos casos das Regionais de Saúde aqui indicadas;
  • a Grande São Paulo concentra 8,9% dos casos registrados no país e 45,8% dos casos registrados no Estado (sendo que abriga 47,4% da população do Estado);
  • Essas 5 regionais registram 13,7% dos casos do país e 70,84% dos casos notificados no Estado.

Se observarmos o mapa (Figura 2) de concentração de casos por município para essa data disponibilizado pela Fundação Seade, observaremos que a concentração de casos se dá em torno aos principais centros regionais do Estado e de seus eixos rodoviários (Figura 3). Veremos também que as Regionais de Saúde em que se inserem as regiões metropolitanas que formam a Macrometrópole de São Paulo concentram 70,84% dos casos do Estado (Figura 4).

Figura 2. Mapa da concentração de casos de COVID-19 no Estado de São Paulo

Figura 3. Mapa das principais rodovias do estado de São Paulo e concentração de casos de COVID-19

Figura 4. Áreas de concentração de casos de COVID-19 no estado de São Paulo

Se acrescentarmos a esse quadro o total de casos da Regional de Piracicaba (55.350), com os casos concentrados principalmente em Araras, Limeira e Piracicaba, encontramos 75% dos casos registrados no Estado (1.000.878 de 1.334.703) concentrados nessa ampla região, como representado nas Figuras 1a 4 e esquematizado na Figura 5 a seguir). As Figuras em anexo mostram a delimitação específica de cada uma dessas Regionais de Saúde, com seu respectivo desempenho.

Figura 5. demarcação das regionais de Saúde da Baixada, Grande São Paulo, Taubaté, Sorocaba, Campinas e Piracicaba, que concentram o adensamento da população e os recursos econômicos no Estado de São Paulo, e também os casos de COVID-19 no Estado.

Esse padrão já vinha sendo notado em outros momentos da pandemia, como pelo Observatório COVID-19 (https://covid19br.github.io), que ao início da pandemia identificou como principais núcleos propagadores as microrregiões de São Paulo, Campinas, Sorocaba e São José do Rio Preto (https://preprints.scielo.org/index.php/scielo/preprint/view/49/72). Os dados da pesquisa (Figura 6) referiam-se ao início de abril, mas mostram a confirmação e extensão do padrão até dezembro (Figuras 2 a 5).

Figura 6 (figura 3 na fonte). Vulnerabilidade das microrregiões do Estado de São Paulo à pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2). Relatório 6 – 05/04/2020 – 11:30 PM.Observatório COVID19 – Grupo: Redes de Contágio​a ​ & Eduardo X. F. G. Migon​

A participação proporcional da cidade de São Paulo e da Região Metropolitana nos registros foi progressivamente distribuindo-se ou irradiando-se ao que supomos a partir daí. A função que parece determinar essa dispersão é a mobilidade associada a essa grande concentração populacional e de recursos institucionais e econômicos.

De imediato, podemos supor que a dispersão do período de férias que está se iniciando (escrevemos em 12 de dezembro) e o baixo cuidado que vem sendo demonstrado já em situações de lazer, podem sobrecarregar de imediato destinos turísticos e retornar com um número de casos ampliados para o cotidiano dessas cidades. Ao analisar separadamente a variação de casos de cada departamento regional de saúde, é possível verificar que a Baixada Santista (Figura 7), destino turístico durante os feriados e finais de semana, apresentou um aumento pontual de casos já em setembro, no momento em que outras regiões apresentaram queda e a partir de novembro. Na Grande São Paulo, o efeito dos fluxos de lazer e relaxamento dos cuidados preventivos na cidade seriam sentidos a partir de novembro (Figura 8).

Figura 7. Gráfico da variação no número de novos casos a cada 14 dias na Baixada Santista. Org.: Instituto da Paisagem

Figura 8. Gráfico da variação no número de novos casos a cada 14 dias na Grande São Paulo. Org.: Instituto da Paisagem

O alerta não é descabido: os eventos mais recentes de fragilização dos cuidados e de formação de aglomerações em feriados e nas eleições mostram seus efeitos. O estado apresentava no início de setembro, em cerca de 6 meses, 814.375 casos notificados. Nesta data, decorridos 3 meses, houve um acréscimo de 520.328 casos notificados, sendo 217.556 desde 01 de novembro.

A partir do início de julho todos os meses apresentam mais de 100.000 casos notificados no Estado e o mês de dezembro até o dia 12 já apresenta 84.113 novos casos. A Figura 9 mostra a porcentagem de novos casos nos meses de março a novembro; a partir de junho se concentram 91% dos casos notificados (1.220.216), sendo nos meses de junho, julho e agosto notificados 56% dos casos, e 35% nos meses de setembro, outubro e novembro no estado de São Paulo.

Figura 9. Porcentagem por mês do número de casos de COVID-19 no estado de São Paulo notificados entre março e novembro.

Tal informação não pode ser analisada descolada da realidade de fluxos cotidianos e concentração de recursos nessas regiões metropolitanas e na Macrometrópole e da desigualdade social que afeta parte considerável dessa população.

Restaria então continuar analisando as dinâmicas internas a essas cidades, para verificar o impacto provável no espaço intraurbano sobre populações mais vulneráveis por faixas etárias e por condições de exclusão socioeconômica e ambiental e, consequentemente, o impacto sobre o sistema de saúde. Confira em

Dentro das regiões metropolitanas, há áreas de maior IDH e desenvolvimento econômico (Figura 10) que concentram fluxos de pessoas e mercadorias e, que portanto, se colocam como núcleos propagadores do vírus, afetando áreas de menor IDH dentro de uma mesma região, onde há menor infraestrutura para lidar com um maior número de casos. O desenvolvimento geográfico desigual se mostra, novamente, como um fator importante para compreender os impactos da pandemia.

Figura 10. Mapa do IDH municipal no estado de São Paulo

Essa condição não é um destino, embora provável. Poderia, ou poderá, ser evitada com atitude das pessoas e dos setores públicos e privados, neste momento em que a vacinação ainda é uma esperança e uma projeção que se anuncia para um futuro próximo, que certamente envolverá bem mais do que os três meses iniciais do ano e provavelmente do primeiro semestre. Dessa maneira, ao início do próximo ano o cenário é de intensificação da pandemia, se não houver precaução da população e política estadual e municipal diante de um quadro provável.

Essas curvas de dados sempre podem mudar, porém, até aqui, a medida comprovada para a diminuição de casos tem sido o controle social e solidário da dispersão da pandemia por meio do distanciamento social e também do rastreamento de casos por parte do governo, medida que não deve ser descartada mesmo com a possibilidade de vacinação.

como citar

SANDEVILLE JR., Euler, PALMA, Bruna Feliciano. Covid-19 no Estado de São Paulo: Parte 1: casos notificados (distribuição espacial; 12/12/2020). São Paulo: Instituto da Paisagem Projeto Biosphera21, Ensino e Pesquisa (https://ensinoepesquisa.net.br/), on line, 2020 [dez].

Anexo. Mapa das Regionais de Saúde e respectivos casos notificados

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Boletim Covid-19, 26 de dezembro de 2020 (município/região metropolitana/estado de São Paulo)

cuidem-se (=máscara, distanciamento social, higienização pessoal, de objetos e lugares)
Boletim Covid-19, 26 de dezembro de 2020
ESP+RMSP+SP
Euler Sandeville e Bruna Palma
Instituto da Paisagem

A última semana (20/12 a 26/12) mostrou em relação à semana imediatamente anterior no Estado de São Paulo (ESP), na Região Metropolitana (RMSP) e na capital (SP) uma diminuição importante de casos notificados (39.240, 11.366 e 9.227 respectivamente) e de mortos (779, 357 e 190 respectivamente), mas ainda bastante acima da semana de 01/11 a 07/11 quando tanto os casos começaram a aumentar novamente (9.809, 3.984 e 2186 casos notificados, respectivamente), quanto de mortos (832, 356 e 234 respectivamente em ESP, RMSP e SP). Uma variação diária e semanal de aumento ou diminuição é esperada, mas a da última semana foi mais pronunciada. A verificação desta semana, portanto, é auspiciosa em relação às imediatamente anteriores, mas ainda demanda cuidado redobrado, pois os números permanecem bastante elevados e o isolamento social e cuidados preventivos bastante rebaixado.

Os números permanecem elevados em todas essas três escalas de observação dos dados e temos que aguardar um período maior (usualmente temos adotado uma quinzena, veja e evolução na capital até a quinzena encerrada em 19/12 clicando aqui ↑) para ver se isso se confirma ou não, mas em função das características dos messes de dezembro e janeiro, especialmente, devemos adotar um monitoramento constante e aguardar um tratamento mais cuidadoso das autoridades, o que infelizmente só foi feito em torno do fim de semana do Natal e do Ano Novo. Dado o relaxamento com os cuidados ainda em curso devemos ser cautelosos pois, infelizmente, ainda é possível que as mortes e casos graves venham a se agravar pelo descuido nestes últimos meses desde setembro e outubro, quando os resultados foram expressos em números a partir de novembro com a reversão de uma até então desejada reversão da pandemia no Estado.

Em quase 2 meses (novembro e dezembro até 26/12) morreram no Estado em decorrência da pandemia 6.497 pessoas, sendo que 52%, 3.375 pessoas que morreram no estado moravam na Região Metropolitana de São Paulo e 29% das pessoas que faleceram por efeito da pandemia no Estado eram moradores da capital, 1.859 pessoas.

gráfico apenas ilustrativo, observe que os valores do estado incluem os da Região Metropolitana e da Capital (100%) e os da RMSP os da capital. Para os valores em porcentagem veja o texto.
gráfico apenas ilustrativo, observe que os valores do estado incluem os da Região Metropolitana e da Capital (100%) e os da RMSP os da capital. Para os valores em porcentagem veja o texto.

Infelizmente, confirmou-se a projeção que havíamos feito de ultrapassarmos 1.000 mortos na cidade de São Paulo em dezembro, mas, felizmente, com esses últimos resultados não atingiremos o número que a média do aumento diário até então indicava ser provável (cerca de 1.400 mortos em dezembro).

Continua havendo uma concentração de casos notificados e óbitos no Estado na Região Metropolitana de São Paulo, o que deve favorecer, com as férias e o baixo cuidado, o aumento em outras regiões. Considerando-se os casos notificados em novembro e dezembro (até 26/12), 42% dos casos do Estado nesses quase dois meses foram notificados na Região Metropolitana de São Paulo (24% apenas na capital, 1/4 dos casos de todo o Estado). Considerando os mortos nesse período de quase dois meses, tivemos 52% dos óbitos do Estado ocorrendo na Região Metropolitana de São Paulo, sendo 29% dos óbitos do Estado na capital.

veja estudo anterior, que mostrava a concentração também nas Regionais de Saúde de Sorocaba, Baixada, Taubaté, Campinas e Piracicaba aqui ↑