um olhar mais profundo

poesia 5/2019

Quando nossos erros se multiplicam
negando o amor que é a lei áurea da fé
mesmo que contaminado pela indignação
mesmo em meio a acertos importantes
pode ser hora de ponderar
deixando o marear das bordas da justiça própria
e lançar um olhar mais profundo que indague sem medo
se não confundimos momentaneamente no emaranhado
dos fios da vida
o fio que nos motiva diante da verdade
e olharmos para a magnífica beleza eternidade
e pureza de nosso Criador
Pode ser hora de reconhecer
que as respostas já não respondem
e que os ganhos que trazemos aos que queremos bem
já não estão em harmonia recôndita em nós
Pode ser que seja hora de mudar
e esperar que os que nos querem bem reconheçam
que não podemos caminhar cindidos
sem comprometer a integridade em que existimos
e a pureza com que nos movemos sempre
Quando nos vemos nessa contradição
sabemos que não conseguiremos realizar o que acreditamos
se não vivermos como acreditamos
que há acordos que não valem a pena
e não podem ser feitos
se estiverem emaranhando-se no que nos é mais precioso
Nesses momentos
a dúvida emerge como a cautela
de um processo de decisão necessária
e ponderada
mesmo que sejam altos os custos
os custos mais altos são os da incoerência
mesmo que esta decida habitar no silêncio
fantasiando-se de inocência na alma turva
não escapará à nossa consciência
Em um momento de dúvida
pouco ajudam as memórias
sabendo-se ora âncoras
ora velas içadas ao destino
Em um momento de dúvida
todos os pesos parecem hesitar
sabendo-se reservados a evanescer
ao tornarem-se decisão
Em um momento de decisão
toda experiência parece banhada em cautela
erodindo as certezas
elidindo os linques
em vias de se afirmar como forma nova no processo de acontecer
Nesses momentos
em que
ponderamos as razões
do ficar ou do seguir..
.
Nesses momentos
em que
reconhecemos a transitoriedade
fundamental de cada longo momento de decisão
palpita o coração ante o des-conhecido
ao levar na alma o que de nós se repete
e o que de imprevisível é oportunidade
o que é horizonte e o que é palpável
o que é necessário e o que é possível
o que é aflição da injustiça e o que é beleza da vida
o que deixamos como herança
e o que guardamos como afeto

Euler Sandeville Jr., São Paulo, 29 de novembro de 2019

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