Euler Sandeville
Bruna Feliciano Palma
(dez. 2020, veja como citar
no final da página)
Essa projeção considera a situação até o momento (dados até 17 de dezembro, estimados até 31 de dezembro). O que observamos nos dados evidencia até aqui o abandono, em muitos segmentos, dos cuidados preventivos do distanciamento social, inclusive, em nosso entender, dos governos estadual e municipais.
Esse agravamento resultou de uma liberação em torno de feriados e eleições, além de retomada prematura de comportamentos pré-pandemia. Portanto, esses dados não estimam um fator provável superveniente em dezembro e logo mais em janeiro, se não houver mudança no comportamento das pessoas e nas políticas públicas.
As aglomerações crescentes desde o início de dezembro em função de compras e festas e também, em muitos casos, início de férias, tende a agravar ainda mais, e muito, os riscos. Porém, os dados só irão evidenciar essas consequências no período pós-natalino, em função do período de contágio, do agravamento clínico até a morte e do retardamento das notificações.
Caso isso se confirme, esta projeção que apresentamos poderá ser tragicamente superada. Não procuramos estimar senão com base na curva mais recente de retomada do agravamento da pandemia no Estado e na cidade de São Paulo. Uma projeção que incluísse a probabilidade de aceleração dos casos em função dessa conjuntura de festas e férias com cuidados rebaixados teria um resultado muito mais drástico já no final de dezembro e início de janeiro.
novos lutos de 01 a 17 de dezembro
Até o dia 17 deste mês apenas em São Paulo foram 27.595 casos (quase 49.000 novos casos na Região Mdetropolitana) e 774 mortos (média de 45 mortos/dia). Isso não é projeção, é dado oficial da Fundação SEADE.
projeção de luto para dezembro
Fizemos uma estimativa (a partir da média apenas, Figuras 1 e 2) até o fim do mês. O provável é que fiquemos entre 1200 e 1400 mortos em São Paulo, sempre acima de 1100 em todas as tentativas que fiz co base nos dados desde outubro. Muitas pessoas, entretanto, virão a ser internadas fora da cidade daqui aos próximos 2 meses. Para o Estado como um todo a projeção seria de mais de 4.500 mortos até final de dezembro.


Se essa projeção se confirmar, veremos que estamos um pouco abaixo da média desde abril (desconsideramos março), mas em direção a ultrapassá-la. Nessa projeção, em casos notificados já estaríamos acima da média se isso se confirmar. Considerando março já estaríamos acima da média.
piores patamares da pandemia em São Paulo
Para o luto por Covid na cidade de São Paulo os piores patamares estão entre maio e agosto com mais de 1.800 mortes ao mês, chegando acima de 2.700 em maio e junho. Para novos casos notificados na cidade de São Paulo, os piores patamares estão entre julho e agosto (mais de 60.000 novos casos/mês)
O maior número de novos casos foi em julho, chegando a 70.000 (ontem eram em dezembro 27.500) e de mortos foi em junho com 2.880 (ontem tínhamos em dezembro já 774 mortos). Apenas nos meses de março, outubro e novembro tivemos menos de 1.000 mortes por mês em São Paulo, dezembro ainda vamos aguardar para ver.
|Considerando o Estado, em todos os meses, desde maio, inclusive, estivemos acima de 80.000 novos casos e desde junho acima de 125.000 casos. Em dezembro, até o dia 17, já temos mais de 120.000 novos casos lançados.
superaremos esses patamares extremos?
Com as projeções que fizemos, provavelmente não. Teremos uma situação bastante grave em dezembro, mas não teremos atingido em dezembro os patamares dos piores momentos.
No entanto, se essa projeção para novos óbitos por mês se confirmar, superaremos em dezembro a condição existente em setembro e em janeiro de 2021 a de agosto, possivelmente não atingindo os patamares de maio, junho e julho.
Se a projeção de casos/mês se confirmar, teremos superado os dados dos meses de maio e setembro já em dezembro, e superaríamos as de junho e agosto logo em janeiro.
Como o ponto crítico são as internações, eu me pergunto se não estará aí a margem de cálculo do governo. Se não errei nos dados, e se vierem a se confirmar projeções mais intensas, o cálculo do governo pode estar sendo deixar as restrições maiores para janeiro, a esse custo inacreditável.
Não quer dizer que vá ser assim, é apenas uma projeção. Mas a observação empírica acende uma luz ainda maior que a observação dos dados neste momento. Você pode, mais do que nunca, ajudar a salvar vidas apenas com sua atitude: uso de máscaras, higienização de mãos, objetos e ambientes, observação do distanciamento social e repúdio a aglomerações e ações desrespeitosas no cuidado com o outro.
como citar
SANDEVILLE JR., Euler, PALMA, Bruna Feliciano. Projeção para o Covid-19 em dezembro de 2020 e alerta de risco crescente. São Paulo: Instituto da Paisagem Projeto Biosphera21, Ensino e Pesquisa (https://ensinoepesquisa.net.br/), on line, 2020 [dez].
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